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DYO MAGAZINE #226 | Rafael Mello

Com a jaqueta icônica da última temporada ainda nos ombros e uma jockstrap vermelha incendiando o resto da cena, Rafael Mello entrega tudo — e mais um pouco — no ensaio sensual que marca uma nova fase de sua carreira. O corpo coberto por pelos naturais, poses que desafiam os padrões de masculinidade e o carisma inconfundível que conquistou milhares de fãs nas redes sociais. Entre luz baixa, suor imaginado e closes provocantes, o artista posa com domínio e desejo.

Além de canalizar toda a energia do editorial, o ensaio celebra também a persona drag de Rafael: Sarah Vika. Maquiador, influenciador digital, DJ, drag queen, Sarah Vika brilhou em duas edições do ‘Corrida das Blogueiras’ (4ª e 6ª temporadas) e conquistou o público no ‘Queen Stars Brasil’, reality de drag queens disponível na HBO Max. Fora dos palcos, Rafael descobriu recentemente o lar ideal em São Paulo e já está de malas prontas para sua mudança à capital paulista.

Durante os bastidores do ensaio sensual exclusivo para a DYO Magazine, Rafael Mello tirou um tempinho para uma conversa franca — em primeira mão — sobre as motivações, inseguranças e transformações na vida pessoal e profissinal.



Você acaba de estrelar um ensaio sensual bastante ousado. Como surgiu o convite e o que te motivou a aceitar esse desafio?

Na verdade, a iniciativa foi minha: com o fim das gravações do Corrida e com o assédio do público, resolvi unir sensualidade e temática da temporada para alimentar esse desejo coletivo. Foi uma forma de canalizar toda essa energia em algo criativo — e bem provocante.

Você já tinha feito ensaios sensuais antes ou esse foi seu primeiro grande trabalho nesse estilo?
Já havia feito. Desde meus 18 anos, quando comecei a me entender como homem gay e a construir minha autoestima, fiz alguns ensaios simples, que mal chegaram a ser divulgados. Nos últimos anos, me senti mais seguro para explorar esse lado de novo. Agora, com estrutura e propósito, quis causar impacto real.

Durante as fotos, o que mais te surpreendeu? Foi um processo confortável ou desafiador para você?
Foi muito divertido. Fotografar sempre foi algo natural pra mim. Apesar das inseguranças com o corpo — algo comum entre homens gays, dada a pressão estética — consegui ficar à vontade e mostrar exatamente o que queria. A equipe contribuiu para que tudo fluísse sem tabus.

Teve algum conceito pessoal ou mensagem por trás das imagens?
Quis brincar com o imaginário dos meus seguidores: a jaqueta da temporada, a saia colegial em contraponto à jockstrap, as poses ousadas. Tudo pensado para provocar e divertir, mas também para reafirmar que a sensualidade é um estado de espírito, não apenas um biotipo.

Você sente que sua relação com o próprio corpo mudou ao longo dos anos? Esse ensaio marcou alguma virada nesse sentido?
Totalmente. Fui um pré-adolescente quase obeso e carreguei muitos complexos. Hoje, venho construindo minha autoestima em camadas, e esse ensaio representa o momento mais confortável que já vivi com meu corpo. Ainda não é o ideal, mas está anos-luz do desconforto de antes.

Sua estética mistura força, sensualidade e autenticidade. Você sente que seu trabalho como Sarah Vika te ajudou a afirmar essa identidade?
Com certeza. Antes da montação, eu era inseguro, retraído, com medo de me mostrar. A Sarah Vika trouxe a confiança de palco para o meu dia a dia. Hoje, sinto-me inteiro — dentro e fora da personagem.

Como é ser uma figura pública que representa tantas camadas: artista, influenciador, LGBTQIAPN+, sensual, político, irreverente?
Tento não me sobrecarregar com tudo isso. Mas sei que meu trabalho carrega todas essas facetas. Faço com responsabilidade e autenticidade, e o retorno mostra que vale a pena.

Recentemente, você compartilhou que entrou em plataformas de conteúdo adulto para custear o tratamento do seu pai. Como foi essa decisão?
Não foi fácil. Meu pai enfrenta complicações graves de diabetes e um transplante que não deu certo. Ele depende de hemodiálise e vive em clínica de cuidados — com dívidas altíssimas. Criar conteúdo +18 foi a forma mais rápida de quitar tudo e garantir sua estabilidade. Hoje, ele está bem, e eu posso respirar aliviado.

Em pouco menos de seis meses, você alcançou R$ 100 mil. O que esse número representa para você?
Alívio. Quando abri a conta +18, tinha menos de R$ 400 e mais de R$ 10 000 em dívidas médicas do meu pai. Pude quitar tudo, ajudar minha mãe e ainda consegui planejar minha mudança para São Paulo.

Ainda existe tabu sobre criadores de conteúdo adulto, especialmente LGBTQIAPN+. Como enxerga essa resistência?
É hipócrita. Muitos que criticam são os mesmos que consomem. E quando você já é público, a desqualificação é maior. Mas produzir +18 exige estratégia e comprometimento — tanto quanto lifestyle ou moda.

Você já participou de duas edições do Corrida das Blogueiras. Como essa visibilidade influenciou sua carreira?
Mudou tudo. A visibilidade do programa é surreal — sou reconhecido em qualquer canto do país. Após a primeira participação, viajei e fui parado em praias e boates. A mais recente, Corrida das Blogueiras: Uma Nova Chance, ampliou ainda mais meu alcance. Marcas passaram a me buscar com outra seriedade.

Viralizou ao passar óleo no Carmo Dalla Vecchia. Como foi essa repercussão?
Foi espontâneo: nos bastidores de um trabalho, ele pediu ajuda e eu registrei nos stories. No dia seguinte, viralizou no X. Foi divertido e mostrou que pequenos gestos podem gerar grande impacto.

Equilibrar marcas, fãs e haters: como faz isso?
Depois de muita terapia, aprendi a focar no carinho que recebo. Claro que comentários negativos ainda pegam, mas hoje dou destaque ao positivo.

O que espera que as pessoas sintam ao ver essas fotos?
Que percebam: a Blogueirinha tinha razão (risos). Mas, acima de tudo, que entendam: sensualidade é escolha, presença e verdade de espírito.

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