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DYO MAGAZINE #251 | Igor Fagundes

Igor Fagundes aparece em um ensaio que combina intensidade, charme bruto e uma sensualidade que não precisa ser anunciada. Fotografado por Lëo Castro em meio à Mata Atlântica, ele surge com o corpo bronzeado, a marquinha que chama atenção, os olhos claros que prendem o olhar e uma presença que ocupa a cena com naturalidade. O ambiente selvagem, a luz filtrada pelas árvores e a moto estacionada no meio da trilha criam um clima de fuga, estrada e desejo.

A estética “on the road” deixa tudo ainda mais provocante. Igor se encaixa entre a natureza e a máquina como se sempre pertencesse aos dois mundos. Pele dourada, músculos no ponto, expressão segura. Nada é exagerado, tudo é preciso. Ele provoca pelo olhar, pela postura, pelo silêncio do corpo que fala sem esforço. É sensualidade de adulto, de homem vivido, daquelas que acontecem no detalhe e não na tentativa.

Prestes a completar 44, Igor carrega uma trajetória que surpreende: formação em teatro, estudos de música e dança, graduação em jornalismo, mestrado em literatura, doutorado em filosofia, carreira como professor universitário e mais de vinte livros publicados. Um intelectual que usa o corpo como extensão da própria linguagem. Para ele, posar não é exibicionismo; é outra forma de pensamento, outra forma de expressão.



Como foi ser fotografado pelo Leo Castro? O que mais te surpreendeu na forma como ele conduz o ensaio?

Leo Castro tem um trabalho diferenciado com a luz e as cores, sempre vibrantes. Numa época em que tudo parece obra da inteligência artificial, temos a inteligência naturalmente humana de um fotógrafo como ele, um autêntico artesão da imagem. Leo Castro muitas vezes propõe poses e composições desafiadoras, que, fora da fotografia, podem soar até estranhas visualmente, mas que, traduzidas pelas lentes, se transformam em um grande acontecimento.

Qual foi a sensação de posar no meio da Mata Atlântica, com toda aquela energia da natureza ao redor?
Sou uma pessoa intensamente resultante do encontro entre as potências urbanas, da cidade, e as potências da natureza. Por um lado, as fotos com a moto apontam para essa urbanidade. Por outro, a moto me leva à floresta, a uma mata dentro da cidade. Creio que este também é o encontro entre o mundano e o sagrado. O profano da vida cotidiana, em viagem ao sagrado das energias da terra, e vice-versa. Como elo de tudo isso, o próprio corpo. A corporeidade é a sacralidade do profano.

Posar nu ao ar livre trouxe timidez ou liberdade?
Foi a segunda vez que me despi para foto. Na primeira, achei que seria difícil, mas acabou sendo fácil, pois era em studio, um ambiente fechado e privado. Essa facilidade diz respeito à entrega, despojamento e confiança em quem me fotografa. Neste segundo caso, o do ensaio na floresta, foi o contrário: achei que seria fácil me despir, devido à experiência positiva anterior, mas foi mais difícil. O ambiente está sempre na iminência de fazer aparecer gente. E aparece! Além de gente, há vegetação que corta o pé, há bicho picando e há frio. Despir-se no frio é um desafio. E com tudo isso, preciso fazer cara de pleno (rs). Mas eu consegui. E deu certo, não? Pleno, livre e solto. Como um animal selvagem.

Como você enxerga a nudez dentro do seu trabalho?
A nudez é simplesmente mais uma roupa que podemos aprender a usar.

Quando o ensaio pede sensualidade, o que você busca transmitir?
Busco ser o mais minimalista na expressão facial, pois a fronteira com o caricato, o canastrão, é tênue. Eu preciso olhar no olho da câmera e deixar rolar o clima, como num flerte de qualquer início de relação.

Você se considera uma pessoa vaidosa?
Sim, sou vaidoso. Tenho uma carreira que parece ser o oposto do cuidado com o corpo: sou um intelectual do campo da filosofia, da literatura, das artes. O imaginário das pessoas é o de que quem é inteligente, erudito, não liga para a aparência, não pratica esporte, musculação. E quem tem uma rotina de treinos e cuidados estéticos tem que ser um ser vazio, superficial. Eu gosto de romper com esse binarismo de mente e corpo. As pessoas fechadas julgam, condenam. As pessoas abertas comemoram um poeta atleta, um filósofo sarado.

Quais cuidados com o corpo são indispensáveis para você? Treino, alimentação, rituais… o que não pode faltar?
Tem que ter tudo isso. E uma brecha para comer pizza, hambúrguer, entre um frango com batata doce e outro.

Em qual versão de si mesmo você se sente mais confiante: vestido, seminu ou completamente nu?
Seminu. Até porque acho que sugerir, insinuar é mais sexy e sedutor do que mostrar tudo. Mas acredite: apesar deste exibicionismo todo, sou bem reservado, discreto no dia-a-dia. Este Igor das fotos é uma espécie de alter-ego, ou halter-ego…

Qual parte do seu corpo você mais gosta ou que mais recebe elogios e por quê?
Gosto mais do peitoral, bem como dos olhos verdes. As partes mais elogiadas. Gosto da boca. E gosto de uma parte também que não foi mostrada com todo seu vigor nas imagens e que faz muito sucesso. Fica o mistério…

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